7 de julho, 2023
A Nutrigenômica é a ciência que estuda a interação entre os nutrientes e os genes humanos. Isso significa que ela estuda como as necessidades nutricionais e o metabolismo dos nutrientes é influenciado pelo DNA e pelo código genético de cada indivíduo.
A dieta pode influenciar de maneira direta ou indireta na expressão genética, e de diversas formas, desde o estímulo para que o gene seja expresso até modificações nas proteínas depois de serem traduzidas.
Por isso, a compreensão da interação entre alimentação e genoma, bem como as vias metabólicas envolvidas nas respostas biológicas, possibilita a personalização do planejamento alimentar, considerando uma completa avaliação nutricional.
Desse modo, nosso post de hoje é para falar mais sobre esse tema. Vamos falar da importância da Anamnese Nutricional, de alguns conceitos como Nutrigenômica, Nutrigenética, Epigenômica Nutricional, Microbiota Intestinal e Crononutrição, e vamos comentar um pouco sobre estudos nessa área.
Vamos lá?
Sumário
O que é Epigenômica Nutricional?
Pós-Graduação Nutrigenômica e Modulação Intestinal
É possível afirmar que uma anamnese nutricional completa é o ponto de partida para qualquer atendimento de um nutricionista com os seus pacientes, e talvez seja ainda mais importante na Nutriganômica. Por isso, é fundamental que esse processo seja muito bem-feito, pois a anamnese nutricional pode basear todo o atendimento a partir dali.
Como definição clara e objetiva, a anamnese nutricional é um questionário aplicado pelo nutricionista assim que ele começa a atender um novo paciente. Esta deve ser sempre a primeira etapa de um novo atendimento.
Assim, o nutricionista irá conhecer o seu paciente mais a fundo, e poderá planejar o plano nutricional deste paciente de forma mais adequada e precisa.
Para a anamnese nutricional ser bem sucedida, é importante que o nutricionista colete o máximo de informações relevantes no questionário. Desse modo, para atingir esse objetivo, o profissional deverá “investigar” o histórico de alimentação e de saúde do paciente.
Assim, após fazer uma identificação inicial, as perguntas do questionário devem ter este foco principal: os hábitos alimentares do paciente, a sua frequência praticando atividades físicas, um possível tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas, suas eventuais doenças crônicas e temporárias, os antecedentes familiares e também os objetivos nutricionais que o paciente almeja alcançar.
O questionário não deve apenas abordar os aspectos mencionados acima. É também muito importante que o nutricionista faça perguntas para o paciente a fim de entender o seu histórico psicológico. Possíveis distúrbios psicológicos, e desequilíbrios emocionais, estão diretamente relacionados às escolhas alimentares e aos hábitos cotidianos de cada.
Para complementar o questionário, o ideal é que o nutricionista também realize uma análise geral da saúde do paciente. Para isso, o profissional pode fazer uma avaliação clínica, antropométrica e de consumo energético da pessoa sendo atendida, principalmente na quando ocorre a consulta.
Como mencionado, a Nutrigenômica é a ciência que estuda a interação entre os nutrientes e os genes humanos. Isso significa que ela estuda como as necessidades nutricionais e o metabolismo dos nutrientes é influenciado pelo DNA e pelo código genético de cada indivíduo.
Um dos fatores que influencia o estudo da Nutrigenômica, claro, é a alimentação. Mas não é só a qualidade ou a quantidade do que a gente come que influencia nossa atividade metabólica, mas também aspectos como os horários e a frequência com a qual nos alimentamos.
Assim, é buscada a compreensão da influência da alimentação em diferentes vias metabólicas e consequências nos processos biológicos, considerando o efeito dos nutrientes e CBA sobre a expressão gênica. Também é foco de seu estudo a utilização destas substâncias para redução do risco de desenvolvimento de DCNT.
Essas interações ocorrem por mecanismo direto – quando há ligação dos nutrientes ou CBA a receptores nucleares ou fatores de transcrição que regulam a expressão gênica, por exemplo, as vitaminas A e D.
Ou por mecanismo indireto – quando acionam uma cascata de sinalização celular que promove ou inibe a translocação de um fator de transcrição ao núcleo para regulação da expressão de genes, por exemplo, a curcumina.
A Nutrigenética avalia a influência da variabilidade genética sobre necessidades nutricionais, estado nutricional, perfil de saúde e predisposição a doenças.
Tem como foco de estudo principal os efeitos das variações no DNA sobre respostas biológicas ao consumo alimentar de macro/micronutrientes e compostos bioativos de alimentos (CBA). Tais variações genéticas são, principalmente, polimorfismos de nucleotídeo único (SNP, do inglês single nucleotide polymorphism).
Os SNP representam alteração de um único nucleotídeo na sequência de DNA, que pode gerar mudança na constituição de aminoácidos da proteína transcrita, representando alteração em sua funcionalidade.
Cabe ressaltar que doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como obesidade, diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e doenças cardiovasculares são multifatoriais e multigênicas.
Ou seja, a avaliação de SNP de forma isolada não constitui parâmetro adequado para compreensão de etiologia ou definição de conduta nutricional.
A Epigenômica Nutricional avalia a ação da dieta e/ou do estado nutricional sobre a expressão gênica, sem alteração na sequência do DNA. São modificações reversíveis, refletem o momento metabólico celular, mas podem programar um padrão de resposta metabólica em determinados contextos.
Os principais mecanismos epigenéticos são a metilação de DNA, a modificação de histonas e os micro RNA. Por meio destes, há ativação ou silenciamento da expressão de genes, o que pode ser benéfico ou prejudicial, dependendo do gene e da demanda celular específica.
Componentes dietéticos e estado nutricional atuam sobre mecanismos epigenéticos. Folato, vitamina B6 e vitamina B12 são os principais nutrientes envolvidos no processo de metilação, pois o grupo metil que se liga ao DNA é proveniente do metabolismo de um carbono.
Além disso, os nutrientes e CBA atuam sobre enzimas que catalisam as reações de metilação e desmetilação de DNA e histonas, bem como acetilação e desacetilação dessas proteínas ou influenciam síntese e atividade dos micro RNA, de forma que a nutrição modula constantemente a expressão gênica por meio de mecanismos epigenética.
Cada indivíduo possui a sua “flora” (microbiota) intestinal. Essa composição da microbiota é influenciada por fatores ambientais, individuais e genéticos. A maior parte das bactérias que a compõem não são patogênicas, muitas são adquiridas no nascimento, e se desenvolvem de acordo com os hábitos pessoais, uso de medicamentos e estresse.
Um dos fatores que influencia na modulação intestinal é a alimentação. A qualidade do que se come influencia diretamente neste meio, uma vez que a dieta altera a atividade metabólica e a composição da microbiota. Isso acaba impactando na resposta imune e inflamatória do organismo, influenciando diretamente na saúde.
Um dos campos de estudo da Nutrigenômica é justamente como os alimentos influenciam na expressão dos genes e alteram a microbiota intestinal nas patologias. Um exemplo é na doença celíaca, patologia autoimune que ocorre pela presença de glúten na dieta em indivíduos que possuem predisposição genética.
A intolerância ocorre por uma parte das proteínas de alguns cereais, como é o caso da gliadina, uma fração da proteína do trigo.
Essa porção faz com que inicie um processo inflamatório, possivelmente através da modulação da expressão gênica e do estresse oxidativo, na mucosa intestinal. Assim, resulta, entre outras consequências, na atrofia das vilosidades e má absorção de macro e micronutrientes.
Foi através da Nutrigenômica que se verificaram os efeitos de diversos compostos bioativos e nutrientes que possuem atividade modulatória no processo inflamatório, como a vitamina C, vitamina E, ácidos graxos ômega-3, compostos fenólicos e carotenoides.
Além disso, possuem a capacidade de reduzir a produção de oxidantes, mantendo a integridade da mucosa e da resposta inflamatória. O aprofundamento e o conhecimento nessa temática são essenciais de ser entendidos para os futuros cuidados em saúde executados pelos nutricionistas.
Outra ideia importante dentro do estudo da Nutrigenômica é a Crononutrição.
O conceito de Crononutrição deriva de outro, mais amplo, chamado Cronobiologia. A Cronobiologia estuda todo o ritmo de funcionamento do corpo de acordo com os diferentes períodos ao longo do dia.
Destacando a alimentação do indivíduo, e unindo assim a Nutrição à Cronobiologia, chegamos na Crononutrição.
A Crononutrição aponta que as necessidades nutricionais do organismo em cada parte do dia são diferentes. Por esta razão, respeitar esta diferença e suprir corretamente essas necessidade é essencial para a saúde e o bom funcionamento do corpo.
Ter este cuidado traz à pessoas resultados benéficos em diferentes áreas. Alguns pontos positivos são a ajuda ao controle do peso, de aspectos emocionais e mentais, fortalecer o sistema imune, regular o sono e muito mais.
Apesar de cada metabolismo ser diferentes, os corpos têm um ritmo padrão, e funcionam de modo diferente a cada período do dia. Isso acontece, entre outras razões, para que tenhamos disposição, fome e sono nas horas devidas. Essas mudanças acontecem principalmente movidas com a liberação de hormônios, que variam ao longo do dia.
O que a Crononutrição estuda, portanto, é a relação entre metabolismo, alimentação, e o horário, a frequência com que essa alimentação ocorre e seu impacto no corpo.
Os nossos relógios biológicos determinam os ritmos regulares de nossas funções básicas, tanto comportamentais como fisiológicas, e a nossa alimentação interfere neste ciclo.
Assim, A ideia é estudar a relação do relógio biológico de cada indivíduo com sua alimentação. O objetivo, portanto, é buscar o equilíbrio nutricional adequado para o corpo. A Crononutrição pode ser praticada por qualquer pessoa, em qualquer idade e fase da vida.
Contudo, deve ser feita através de planos nutricionais individualizados, já que cada relógio biológico estabelece horários específicos e distintos de maior aproveitamento dos alimentos a cada pessoa.
Para os profissionais que desejam se aprofundar no estudo desta promissora área que é a Nutrigenômica, a Faculdade iPGS possui um curso de pós-graduação completamente dedicado ao tema.
A especialização em Nutrigenômica e Modulação Intestinal tem uma proposta inovadora, aprofundando o conhecimento e entendimento nessa temática essencial de ser dominada e executada para os futuros cuidados em saúde. Você estuda assuntos como Crononutrição, Nutrigenômica e Obesidade, o que é Nutrigenética e o que é Epigenética, Nutrição de Precisão e muito mais.
A Asbran definiu recentemente a área como uma das especialidades oficialmente reconhecidas dentro da Nutrição. Além disso, estudos e observação do mercado vêm demonstrando que a Nutrigenômica é uma das áreas de especialização mais promissoras para o presente e o futuro da profissão.
Uma outra opção, mais célere, para estudar este tema, é através de cursos de atualização profissional, como o Genômica nos Ciclos da Vida.
Neste curso, é estuada a prática clínica do nutricionista e seu alinhamento com os constantes avanços da ciência e da tecnologia. Nesse contexto, a genômica nutricional se consolida como vanguarda da nutrição, ao investigar a relação entre variações genéticas e respostas individuais a diferentes padrões alimentares, como antes definido.
A compreensão desses conceitos e seus mecanismos é um diferencial na conduta profissional. Pensando nisso, o curso tem como objetivo apresentar as mais recentes evidências científicas na área da genômica nutricional, relacionando-as com as principais aplicações nos diferentes ciclos da vida.
Obrigado pela leitura de hoje, esperamos que você tenha gostado.
Até o próximo post!
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